Secretário da POPF aborda a espiritualidade missionária em curso para a Amazônia

No dia 28 de março, Pe. Genilson Sousa ministrou uma aula no curso Missionários para a Amazônia, abordando a temática da espiritualidade missionária. Essa perspectiva, ainda relativamente nova nos cursos teológicos e nos manuais de espiritualidade, vem ganhando relevância graças à vivência dos missionários e ao contato com os povos locais. O conceito tem se desenvolvido progressivamente e traz contribuições significativas para a vida missionária de todo batizado.

De fato, é urgente redescobrir uma espiritualidade que esteja integrada à fé e à vida, que evite estilos espirituais alienantes e se constitua como uma profunda experiência com Cristo, desdobrando-se no cuidado com a vida e nas relações humanas em todas as suas dimensões. É fundamental pensar em uma espiritualidade que leve o missionário a se reconhecer como estrangeiro, convidado e aprendiz. Além disso, torna-se necessário cultivar uma espiritualidade que supere visões primitivas de poder, saber e ser.

Essa nova postura exige a adoção de outras práticas e saberes, novas linguagens e conhecimentos — incluindo aqueles relacionados à mística e à espiritualidade em sua diversidade, tanto como graça divina quanto como experiências antropológicas. Considerando a complexidade da crise ecológica e suas múltiplas causas, é essencial reconhecer que as soluções não podem vir de uma única forma de interpretar a realidade. É preciso também recorrer às diversas riquezas culturais dos povos, à arte, à poesia, à vida interior e à espiritualidade (LS 63).

Durante a aula, foi apresentada uma breve explanação antropológica e teológica sobre as deturpações históricas da espiritualidade, bem como uma reflexão sobre perspectivas contemporâneas que apontam para a necessidade de maturação — ou mesmo de um grito profundo — por uma espiritualidade integral.

Dentro dessa abordagem, destacou-se a proposta de uma espiritualidade integral e decolonial, inspirada nas intuições de Stevão Raschietti, que defende uma espiritualidade atenta aos contextos marcados pela cruz colonial. Ele propõe o resgate das identidades autóctones e das memórias ancestrais, pois, “sem memória, nunca se avança” (FT 249). Essa espiritualidade inspira uma parrhesia destemida, criativa e martirial — selo do Espírito (GE 132) — e aponta para o bem-viver pluriversal e cósmico como projeto político e método (TOMICHA, 2019, p. 130), abrindo espaço para a esperança de um mundo global.

Diante disso, torna-se evidente a importância de refletir sobre uma mística e espiritualidade universais, à luz do contexto eclesial atual.

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